sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A ampulheta

Eu quero ir embora daqui
Deixar o tempo andar
O mundo rodar
Tudo continuar.
A ampulheta da vida,
Sair do ponto de partida
Encontrar uma chegada
O lado da moeda errada,
O lado certo da moeda
Não há moeda.
Não são dois lados de todas as vidas...
É tudo um lago, um lado só.
Tudo é profundo e unilateral.
Eu quero estar ai do mesmo lado.
Aqui um dia será um ali do passado,
Que eu não quero e não vou voltar.
Tudo é profundo e unilateral...
E eu estou do meu lado
Largo tudo, lado teu e meu só se for um,
Se não é um não é vida é fardo.
Eu quase saio de mim, mas não saio...
Salvo-me, pois tudo é unilateral.
Exceto a antiga ampulheta que acabou de girar.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sou Praia

Às vezes me sinto mar,
Mais medo, profundo e profano do amar.
Outras vezes sou mais areia...
Areia da borda,
Que toca na espuma
Querendo se deixar levar
Pra partes mais profundas do mar.
Areia da duna
Que o vento sopra,
Que a chuva molha,
E o tempo move
Mas se refaz todo dia
Não dissolve, se recria.
Suporta e contorna qualquer maresia.
Sou praia... Maré alta, maré baixa.
Sou minha, sou tua, sou tabelada,
Hora sei tudo e te puxo pra dentro de mim...
Hora sei nada e sinto-me afogada.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Óbvio

Eu não quero nada que não possa ser meu,
Não quero ser mais forte nem escapar da morte.
Eu entendo que ninguém é de todo bem ou mal,
Nem eu nem você vamos escapar do juízo final.
De vez em quando se descobre que a graça não ta só no palhaço,
Não da pra passar a vida toda num teatro!
Eu já sabia e não sabia crer... Todo ser é previsível e eu sou muito mais...
O sentimento é invisível aos olhos?
Somente para os tolos que nunca querem enxergar o óbvio.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

(F)

Eu só queria escrever um pouquinho sobre a flor,
Descrevê-la mesmo sem poder mais vê-la...
Pois eu ainda lembro de toda ela, de cada detalhe em tuas pétalas
se quando fecho os olhos não há escuro que há faça desaparecer...
Não há vão sem luz que a escureça dentro do meu jardim.
Foi planta sem raiz, mas a flor é assim como as borboletas...
Parecem quietas e de voou raro, nunca tão alto...
Mas não é voou em vão quando se vai onde quer, mesmo não se nascendo pássaro...
As borboletas podem chegar... E as flores também podem nascer para além dos telhados.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Desde sempre

Desde quando eu sonho?
Desde quando eu minto?
Desde quando eu desacordo?
Desde quando, quanto tempo?
Quanto tempo se perdeu?
Se perdeu?
Quem poderá me dizer que é perca de tempo
Viver o tempo no seu próprio tempo?
Se há lição não há perca de tempo,
Até não conseguir é descobrir que não somos capazes de tudo.
A lição é a luta em viver na busca eterna do paraíso escondido...
Escondido entre linhas, envolvido entre laços dentro de nós.
E o longe e o perto estão decretados no nosso pensamento,
O que pensamos é o que somos, o que ganhamos e perdemos.
E quem disse que viver é fácil?
Eu descobri que os psicólogos também não são totalmente felizes...
E que os psiquiatras também podem ficar loucos.
Há sempre um pessimista pra reclamar um otimista pra aliviar e um questionador pra perguntar...
E desde quando isso é vida?
Desde sempre.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Todos Iguais

Se eu fosse diferente eu seria igual a toda essa gente
Que finge ser o que não é, e o que é na verdade mente.
Eu não sou contra lei, também sou como vocês, só não sigo todo padrão.
Eu sou gente! Eu erro, eu acerto, eu falo palavrão!
Eu sou gay sim, mas também tenho minha fé, minhas crenças, minha religião.
E você querendo ou não ainda somos irmãos.

Castanho claro não é caramelo,

Luzes e riscos que arriscam demolir meus castelos...

Nem todas as luzes partem mesmo nas ruas mais escuras...

Ao entristecer mais vermelhos ficam do que marte em toda sua figura.

Ao amanhecer mais raro brilho que a união de júpiter Vênus e a lua.

E quando te olho nos olhos isso tudo fica muito mais certo

Que tudo sobre você pode me parecer confuso e incerto

E a única certeza que tenho ao olhar pra ti é que castanho claro não é caramelo.