terça-feira, 30 de junho de 2009

Meu tesouro

Quantas vezes eu vou ter que me perguntar os porquês?
Quantas vezes eu vou ter que quebrar meu coração...
Como um cofrinho sem poder usar o que tem dentro.
Jogar fora, esconder em baixo do tapete o que não tiver força própria de se destruir.
Um porquinho, meu tesouro, nada caro...
Tudo vai se esfacelando e ficando cada vez mais raro
Dentro de mim.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Apenas mais uma menina tímida

A porta da casa estava aberta, mas não adiantava
Ninguém entraria ninguém conseguia se aproximar.
Era muito alto pra chegar e fundo demais pra se atravessar.
Era como se fosse uma ilha...
Um barco no meio do mar
O coração daquela menina.

Ela olhava para trás em vão
Só barulhos de maresia, chuvas e tempestades
O seu teto já não era tão resistente como antes...
Respingavam gotas e já havia possas lá dentro...
Em outros cantos da sua enorme mansão marítima
Havia morros de areia
Ninguém sabe ao certo porque e como apareceram ali
Era como se a superfície estivesse próxima
Mas ela não via nada...

Até mesmo nos morros ela tropeçava sem perceber
E quando os via ficava um tempo pensando, tentando compreender...
Ela não sabia por que estava ali, não lembrava mais.

Tinha muito medo de se afogar quando era criança
Sempre preferia brincar na areia da borda, nunca foi além.
Aquela sim era uma menina tímida...
Ela cresceu tão rápido que mal se lembrava da semana passada
Só enxergava a mulher adulta naufragada no meio do mar.


Mas o mar era dela e ela não percebia
O mar era ela, e ela não sabia.
A casa, a areia e as possas
A porta aberta pra lugar nenhum...


Certo dia choveu demais
A casa era grande, mas não maior que a tempestade
A areia que aumentava a cada dia ia tirando os espaços
Tanta areia que criou insetos se alastrou o cupim
A menina continuava ali
A porta aberta e não (há) via saída,
Ela não via a vida com seus olhos de maresia.

A tempestade levou o teto e quase tudo que restava...
O cupim corroia cada vez mais às bases daquilo que ela chamava de casa.
Ela chorava e fingia fechar as janelas já caídas
Ela sorria fazendo sua última cama de areia movediça.

sábado, 13 de junho de 2009

Contraventor

Eu não vejo nenhum problema
Em ser contra lei
A lei de quem?

A lei dos homens, de algum contraventor
Alguém que disse
Faça o que eu digo não o que eu faço!

Meu país de terceiro mundo
Primeiro lugar no tráfico de “bons conceitos”
Pais multirracial primeiro lugar em
Multipreconceito.

Dizem que meu passado é negro
Que eu não ligo, não participo
Minha família presa os bons costumes
Eu também, mas não os mesmos.

Eles estão bem acostumados a serem comandados
Eles estão bem acostumados a terem o poder
Eu sou mal acostumado, mal interpretado
Mesmo julgado, culpado...
Mãe desculpa ninguém vai me convencer!
Sou contraventor
Contra lei dos que querem me conter.

Vicio

Eu fumo com você se for preciso
Eu finjo bem ser seu tipo
Entender seus vícios
Sem achar estranho e até gostando.

Eu fumo você e vicio
Um cigarro sem marca nem lacres
Sem fumaça, só fogo.

Eu bebo uísque puro
Eu derreto seu gelo e não peço água.
Eu tomo na taça,
Na boca da garrafa.

Eu desejo seu corpo, seu gosto
Como se fosse o ultimo Black
O ultimo trago,
Ficando tonta
Na minha boca...
A sua.

MARavilhoso

Um mar pra lembrar que viver é surreal
Mesmo sendo onda
Sendo planta.

É da nossa natureza ser grande
A gente nasceu pra ser maravilhoso.

Eu sozinho de frente ao mar
Coisa mais linda eu posso ver, sentir...
Como é possível não ser feliz aqui?

O mar de frente a mim maravilhoso
Também tem seus dias de ressacas
Mas logo vem à calmaria, logo vem...
Como se quisesse me dizer
Como eu não posso ser feliz ao ver você?

domingo, 7 de junho de 2009

Janelas

Sua janela aberta
Uma porta fechada pra mim,
Um dia a mais
A menos pra esquecer.

Se o vento bate
O calor ainda arde...
Mas eu ainda posso respirar.
Até sem ar eu vivo melhor assim
Sem você.

A Janela entre aberta...
Eu passo de olhos fechados
Mesmo podendo ainda ver tudo
Só olho pro alto.

Prefiro que seja assim
Mesmo que ainda aja uma fresta entre nós
Eu você e a janela,
Fica ai, olha pra fora!
Fico aqui, saia de dentro de mim!
To fora de você.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Reflexos

Quantas vezes eu disse que amei você?
Quantas vezes, não pra te agradar
Mas porque eu precisava desse desabafo.
Quantas vezes eu chorei olhando pra você?
Mesmo que você não pudesse me ver,
Do outro lado da cidade ou face a face.

Quantas vezes eu te disse isso?
Quantas mil vezes eu sorria e chorava
Acreditando nas tuas tolas mentiras?
Ia dormir soluçando e inacreditavelmente feliz.

Quantas vezes eu morria todo dia?
Calava, não gritava e tudo ecoava em mim.
Esse sentimento não escapava apesar de tudo.
Eu nunca pude entender por que
Se eu vivia sem você, todo aquele tempo
E sempre te sentia ao meu lado.

Sempre tinha em mente que nada nos separaria
Nem a sua imaturidade sem noção
Nem o tempo que por mais, passávamos sem nos ver
Falar ou ouvir, nunca deixava de sentir isso.
Tempos depois eu te via...
E era como se tudo se confirmasse dentro de mim
Mais uma vez eu acreditava no nosso amor
La no fundo eu sempre acreditei, todo aquele tempo.

É eu cheguei até ir do outro lado da rua
Fingia tão bem que poderia ver outras paisagens
Que até eu acreditei, eu vi!
Mas deu no mesmo, foi espelho do que eu já passei...
Reflexos do passado.

Todo aquele tempo foi assim,
Você e reflexos do que eras pra mim
Agora estou refratando.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Rir de mim

Às vezes é muito sem graça
Ter o poder
Fazer o que quiser
Se controlar
Se masturbar
Eu não vejo graça nenhuma.
Eu quero mesmo é errar
Tropeçar
Cair de boca
Experimentar.
No fundo do poço também há vida
Nem todo buraco é tão ruim assim...
Eu quero sim subir
Mas descer também faz parte.
Do umbigo pra cima,
Pra baixo é mais interessante.
Às vezes chorar é bom
E não venha rir de mim
Não tem a menor graça.
Às vezes sorrir estraga o rosto
Eu não sou sério
Prefiro ser palhaço
Mesmo que tudo pareça tragédia
Eu faço comédia
Romântica.
Mesmo que tudo pareça comédia
Sou assim, faço drama
Mas não venha não se for pra rir de mim
Não sou filme pra você ver
E nessa sessão eu já barrei você.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Observação

A chuva não me molha mais
Não choro por você
E nem lembro mais o que é sentir frio.
Eu olho para lado não tenho ninguém
Olho pra dentro
Sou minha.
Olho pro sol
Se choro é por não querer cegar
Mas eu prefiro ser cego
Do que andar de guarda-chuva
Óculos escuros,
Camisa de força,
Remédio controlado.
Eu não me molho por qualquer garoa
Meu corpo é minha capa protetora
Da alma que se afoga de pensamentos.
Meu olho nu
Observa, filtra, analisa
Tira a roupa do mundo e vê,
Presencia essa cena de sexo explícito que é a vida.

Eu não mudo

Acordo cedo e sempre durmo tarde
Pensando no amanha no que fazer da minha vida
Esqueço de tudo quando penso em você
Esqueço do mundo, eu não tenho futuro.
Eu acordo e continuo sonhando acordado
Todo dia... eu não mudo
Mudo de cama, de roupa de lugar
Mas eu nunca durmo cedo!
Nunca penso que é tarde para amar
Eu sempre levo murro
Eu não aprendo
Eu me prendo é sempre assim
Eu morro por ti, eu mato
Ninguém sabe o quanto sou
Romântico
Disfarço muito bem
Nunca disse eu te amo
Durmo tarde te amando
Acordo cedo sem você aqui
Não dá pra disfarçar.
Você não sabe o quanto sou
Sozinho.