quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Flor delírio

Estive a te amar perto desde antes do teu nome
Desde antes de ver de perto seu sorriso
Antes dos teus cabelos coloridos
Do colorido se assumir pra mim.
Estou a te amar mesmo longe
Sem saber te chamar sem poder sem por onde.
Mesmo distante vejo, invento perto teu sorriso
Pinto arco-íres quaisquer nos teus cabelos
Cachoeiro meus olhos sem cessar no seu sol olhar.
Estive a te amar mesmo sendo horizonte
Meu coração montanha de um só habitante
Fez-te lírio sem raiz fixado bem no meio
Do delírio de bater sem te ver lá no alto
E sentindo os percalços de ser mesmo ao longe perto
O deserto que sobrevive só por saber da existência do tal líquido sedativo
E se consome criando suas próprias miragens vertiginosas de felicidade.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Hoje eu sei o que ontem ou até mesmo antes já deveria saber
Hoje eu sei nada é pra sempre como deveria ser.
Como não deveria ser como eu não deveria saber
Mas hoje eu sei.

O quanto foi impossível e imperecível
Fantástico e fantasioso
Eu tive medo de um monstro que eu mesma criei
Em um mundo que eu mesma inventei
Tudo é real até que se prove o contrario
Até que você se ponha ao contrário e tudo se mostre de cabeça pra baixo.

O amor de ontem não é o mesmo de hoje
Passo a sentir invertido posso até sentir ridículo eu só não posso não sentir.


Eu que ando desarmada sei o poder da palavra
Eu que ando sem atirar por ai sei a força que está oculta
Eu que nunca andei de armadura, nunca soube buscar a minha cura.
Eu que sempre pensei andar desarmada andei atirando fé pra cima,
Vê se no fim ela me cai bem de cima, na mira como um belo chapéu
Ou por um triz me acerta de raspão como um tiro no pé.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Se palavras são confusas
Se escrever é difícil
É porque você nunca viveu de verdade ou nunca pegou num lápis.
Nunca se sentiu um total estrangeiro dentro de você.
Você nunca quis segurar com a mão seu próprio coração
Como um ferimento que você quer estancar e aliviar a dor?

Nunca quis abraçar pra sempre ou esquecer de vez?
Escrever parece muito difícil pra você,
Assim como é fácil falar por ai, fazer por ai
Olhar na cara e não nos olhos da alma
Não da minha, da sua.
Escrever sempre foi tão fácil pra mim
Assim como é fácil pra você esquecer.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Diga-me suas palavras soltas
Seu sorriso aberto.
Dê-me seu olhar mais calmo,
Seu rosto - janela de por do sol.
Toma meu ar apenas com sua respiração
Rouba sutilmente a firmeza do meu chão seguindo seus leves passos
Cobre a frieza do meu coração com seu lençol – abraço.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Basta

Juro que tive que me controlar mais uma vez
Pra não te enviar aquelas mesmas palavras floridas no fim do dia
Meu sentimento proliferado em centenas de mensagens grátis
Como se eu pudesse propagar a minha alegria pra você.
Deveria me sentir triste por ficar tão feliz assim.
Não sei se tenho o coração grande ou pequeno
Se minha alma é vivida e se ainda tenho muito que viver
Não sei e é perca de tempo procurar saber...
E de você, eu só sei que te amo.
Vez enquanto isso me sobra e finjo que é engano
Vez enquanto se me falta é só a saudade que você me faz sentir
Mas eu paro sim... E sigo, e não me importo com esse leva e trás aqui dentro
Porque é aqui dentro que eu sei que nada mais me importa
Quando eu digo que de você já me basta saber que eu te amo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

No sentimento nu que não segue o corpo
Há o movimento cru que não desgruda da alma.


No movimento pesado das tuas mãos e teus passos desastrados
Há a simetria perfeita do que eu não toco e assim mais ainda sinto,
Do que eu toco e vejo que não é indispensável ao meu ardor...
Pois do toque para o não toque consiste num ponto crucial a mesma firmeza
A mesma moldura do que a alma já pressentia e sentia
A mesma alergia do não estar,
A alegria de se sentir tocar, a disritmia.
Diferença imperceptível aos olhos da alma,
É a mesma diferença inadmissível a qual o corpo sente falta.
Do amor igual, animal com animal que o corpo se julga abstinente,
Pulsando no peito o amor real, igual - diferente do qual a alma se alimenta

Incessantemente.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cedo

Mesmo que de fato nunca me escutes
E sempre fujas do meu sentimento
Agora é tarde pra matar o que sou em você
Sempre achei cedo para amar
Mas sempre cedo ao que sinto,
E agora é cedo pra matar o que és em mim.

A sede é mais forte que a água que corre no meu rosto
E não há sedativo pra dor da ausência que me invade
Não há sedativo pra toda essa saudade...
De tudo que eu não pude dizer
De tudo que ainda sinto por você
Agora é tarde pra não saber que te amo.