sábado, 18 de julho de 2009

Nada tão bonito

Não quero escrever nada que seja tão bonito
Nem que me faça tomar os fatos acon-tecidos de maneira delicada
De modo que pareça uma figura de linguagem, objetos iluminados.
Não quero escorrer lagrimas nesse papel, nem puxar as nuvens do céu
Fazer com que a lua cresça e o mundo morra de coração crescido.
Mas é tudo que eu tenho vontade de fazer, tudo que eu não preciso...
Quando me lembro de você a tempo de nunca esquecer,
Quando eu queria rir pensando em algo entre nós, até do que não aconteceu.
Não eu não deveria sempre fazer isso, desenhar o céu no chão da sala
O inferno na dança do belo e a fera.
É complicado assim, e parece errado.
Não vou transpor meus sentimentos mais uma vez aqui
Dizem que passa, que extravasa, diminui
Mas eu só sinto que flui, transborda e não para de fluir.

- Para de escrever, quebre a ponta do lápis e o lápis, ele ainda vai existir.
Rasgue o papel e não veja as letras, os riscos, jogue- os no lixo
Ainda vai existir, tudo que você escreveu lá estará pra sempre.
Tente fugir
Se esconda de si
Você saberá sempre da sua fuga
O esconderijo foi feito com aquele papel rasgado
Aqueles rabiscos enrolados e o lápis quebrado
Que eram do poema que você tentou abafar no seu grito
Que você não queria mais dizê-la nem descrevê-la
Nada agora deveria ser tão bonito
Os olhos de amor que você sonhou que viu,
Fumaça de tudo que você tentou queimar
Refletidos na vidraça queimada do seu olhar
- pare de escrever!
Nada nunca deveria ter sido(visto) tão bonito.

2 comentários:

Ana Yasha disse...

Às vezes, quanto mais escrevemos, quanto mais falamos, mais aquilo permanece em nós, mais aquilo transborda. E não adianta que se quebre a ponta do lápis ou que se rasgue o papel em mil pedacinhos, porque aquilo vai continuar vivo em nós, como uma chama. Há de sempre incomodar, sei que nem sempre é, mas é o bastante.

E eu ainda estou meio lesada, e não consegui falar mais, mas eu gostei do texto, gostei mesmo. :)

Thazya Regina disse...

=~